domingo, 28 de setembro de 2008

Divagação em terceira pessoa

Do pouco que ela já tinha vivido, muito ela tinha gastado pensando no futuro em que ela estaria linda e radiante. Ela conseguia sentir o perfume enebriante que exalaria ao passar pelas pessoas. Ela via, com rabo de olhos, comentários em formas de cochichos acerca de seu corpo enxuto, sua pele limpinha e seus cabelos brilhantes!
Entretanto, hoje ela ainda estava acima do peso, ainda tinha o rosto manchado pelas acnes e unhas, ainda tinha o cabelo mal tratado e ainda sonhava com esse futuro.

A menina tem 26 anos e pensa ainda como uma adolescente. Seus pensamentos não conseguem ir mais adiante porque ela considera-se uma pobre pessoa, capaz de despertar o maior dos ascos nos homens que a olham. Ela não se julga uma pessoa que possa ser amada. Não sonha mais com um príncipe encantado, ou pelo menos não acredita mais numa possível realização desse sonho.

Despertar desejo é uma de suas ambições. Talvez seja pelo fato de odiar tanto esse mundo material, que um dia ela tanto amou. Hoje ela pensa em aproveitá-lo de forma que a satisfaça, mas sem nunca se submeter à humilhação, claro!

De onde ela vem, o mundo não é assim tão cruel. Os pássaros não caem mortos na calçada, as pessoas não mentem, as crianças não querem ser adultos, as pessoas não se julgam, a matéria não existe!

Dias melhores virão! É nisso que ela acredita.

Daria tudo para vê-la feliz!