quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Eles

Ela disse adeus e deu as costas àquele que um dia prometeu cuidar dela.
Não havia mais nada a ser dito, mas ele insistia em gritar seu nome, na esperança de que ela virasse e desse mais uma chance pra mentira dos dois.
Ela já sabia o quê não queria.
Não tinha idéia do porquê sentia aquela dor imunda e incômoda dentro dela, afinal havia conseguido dizer "acabou" ao homem que um dia a fez reacreditar numa vida a dois.
Ele acreditava que a dor que sentia era um sinal.
Ele não queria perder essa mulher.
Ele não podia perder essa mulher.
Ela sabia que nunca conseguiria perdoá-lo.
Ele sabia que nunca conseguiria convencê-la.
Ela já descia as escadas daquele prédio que um dia foi testemunha de loucuras que ela nem se lembrava mais ser a protagonista.
Ele sentou por um instante e abaixou a cabeça pra pensar.
Ela já estava no estacionamento e se aproximava de seu carro.
Ele sentiu um arrepio no corpo e levantou correndo atrás dela.
Ela abriu o carro, sentou ao volante e começou a chorar.
Ele chegou voando ao estacionamento e sorriu ao ver o carro dela.
Ela levantou a cabeça e o viu.
Ele ficou parado em frente ao carro.
Ela parou de chorar e o olhou nos olhos (ela não sabe como conseguiu fazer isso...).
Ele se aproximou da porta do motorista e a abriu.
Ela saiu do carro e ficou de pé diante dele.
Ele ia tocar o rosto dela.
Ela desviou o rosto.
Ele sentiu que não podia fazer mais nada (e odiou sentir essa impotência...).
Ela sentia um desejo enorme de beijá-lo.
Ela o beijou.
O último beijo aconteceu, antes da partida.

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